Insanidade

Às vezes creio que sou insano. Vou explicar - ou insanamente tentar!
É o seguinte: sabe quando alguém te diz que algo acontece ou aconteceu e você tem absoluta certeza de que não foi assim, mas a pessoa afirma com todas as letras o contrário? Já passou por isso?

Tenho passado por isso mais frequentemente, por isso que resolvi escrever aqui. Sim, sou "louco" pois como pode uma pessoa como eu discordar da opinião alheia?
Os filhos têm razão, os netos também - pais e avós são loucos e insanos. Quanta pretensão achar que, só por que viveu um pouco mais, se sabe algo.

E quem é que sabe?
Sim, cometemos os mesmos erros que nossos pais, ou pelo menos os reproduzimos em maior ou menor grau. Dizemos à nossa posteridade que já passamos por aquilo - tentamos dar conselhos - quanta insanidade de nossa parte.

O mundo hoje, o mundo pós-moderno, tem a razão na linguagem - os hermenêuticos vibram, mas insanos que são e como os que viveram mais, não percebem o que é a linguagem - não sabem que a linguagem não se refere somente à fala. Existem muitos códigos, sinais e expressões em diversas áreas e campos do saber, onde se aloja a razão da linguagem. Mas não é pra falar da razão que resolvi escrever estas notas - é pra falar da minha insanidade.

Só sei que nada sei. Se você encontrar um filho ou neto que "concorde" comigo (eles ainda são poucos)  talvez eu comece a acreditar em minha sanidade.

Sim, quero dizer que cometo muitos erros - e o maior deles é me expressar verbalmente; cuidado - quando estiver perto de mim não tente me contrariar - lembre-se eu sou insano - mas ressalto que insano sim, agressivo não. Nunca você me verá agredindo fisicamente alguém. Talvez haja agressividade ou acidez em minhas palavras, talvez até ironia. Confesso este é meu erro - em muitos momentos perdi a oportunidade de ficar calado.

Para não me calar, totalmente, devido minha insanidade, é que resolvi escrever aqui. Sei que as palavras têm força, valor e efeito - por isso pra você que estiver lendo isso, não me leve a mal, não estou julgando ninguém - somente a mim mesmo.

O maior perigo da fala ou da escrita, são as generalizações - como a que fiz acima ao me referir a pais, filhos e netos - claro (momento de sanidade) que não se trata da maioria das pessoas - apesar de eu não conhecer a maioria - conheço apenas a minoria - mas o grande perigo está em observar um comportamento particular, numa micro situação, em um dado momento infimamente pequeno da história, e querer atribuí-lo a todos.

A unanimidade é deseja, mas pouco provável de ser alcançada quando se tenta dialogar e expor pontos de vista, pois a depender do viés, do ângulo, da perspectiva novas formas e novos vislumbres podem surgir. A isto damos o nome de diferença e com dor aprendemos muito com ela.

O que quero dizer enfim é que não há tanta insanidade que não possa ser entendida e tanta lucidez que entenda tudo. Se você discorda, por favor, discorde - mas não me agrida - apenas discorde e eu entenderei. Mas se você me agredir (do ponto de vista emocional e não físico) saiba que lá no fundo do meu orgulho ferido - eu saberei que você tem razão, ou parte dela, e que eu também me aproximei dela.

Que os loucos sejam iluminados onde os sãos são aclamados - e viva a comunicação insana!

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